COSTA E SILVA DO SENADO
RIO - Nas memorias de 50 anos de conspirações militares (“Meio Seculo de Combate”), gravadas para Aspásia Camargo e Walter de Goes, do CPDOC da Fundação Getulio Vargas, o marechal Cordeiro de Farias contou que, uma semana antes do 31 de março de 1964, houve uma reunião no hotel Plaza, no Rio, entre quatro generais : ele Cordeiro, Castelo Branco, Costa e Silva e Riograndino Kruel.
Cordeiro havia dito a Castelo que ele levasse quem bem entendesse, mas achava ruim o Costa e Silva ir, porque até aquele momento ele não tinha se definido pela revolução. Mas Castelo levou Costa e Silva.
CORDEIRO
Cordeiro disse a Riograndino:
- “Precisamos colocar a revolução na rua imediatamente. Vá a São Paulo e acerte a mobilização do 2º Exército.
Costa e Silva, que nunca deu um só passo em prol da revolução, reagiu:
- Você continua maluco. Ninguém quer fazer a revolução.
- Isso é você. Você não quer, então não faça nada. Mas quando vier a revolução, você vai tomá-la.
E foi o que aconteceu. Costa e Silva vivia com um “entourage” enorme. Eram elementos que viviam juntos, jogavam muito juntos. Costa e Silva tinha um passado meio complicado de modo que em torno dele se reunia uma turma, vamos dizer, ambiciosa”.
ESCOLA MILITAR
“Desde que saiu da Escola Militar, Costa e Silva nunca mais leu um livro, nunca mais estudou nada. Certa vez, viajamos no mesmo avião. Eu estava lendo um livro sobre o Vietnã. Ele comentou:
- Mas você lê essas coisas?
- Leio, porque a questão do Vietnã nos interessa de perto. Caso os Estados Unidos percam esta guerra, a Ásia se tornará comunista e isso nos afetará de algum modo.
- Você é um idiota, perdendo tempo com essas coisas. Eu hoje só faço palavras cruzadas”.
CASTELO
“Eu gostava do Costa e Silva, mas o conhecia na intimidade e sabia que ele tinha se tornado um oficial relapso, no sentido do cumprimento do dever. Eu me encontrava em Curitiba, na madrugada do dia
“Costa e Silva comunicou-me, por telefone, que assumira o Ministério da Guerra, sob a alegação de que era o oficial-general mais antigo no Rio. Eu era o mais antigo, mas me ausentara por três dias”.
Costa e Silva assumiu o ministerio da Guerra, criou o Comando Revolucionário e tomou conta do golpe de 64, até a posse de Castelo, levado para a presidência da Republica sobretudo por ele, como Castelo o levara para a reunião do hotel Plaza na véspera do golpe e depois o fez seu sucessor, fingindo que não queria.
SARNEY
O senador Sarney continua dando uma de Costa e Silva. Acha que tem direito a fazer todos os absurdos no Senado por ser “o parlamentar mais antigo no Congresso”. E os jornais, revistas e televisões trituram a biografia dele, todos os dias, com sequentes e irrespondíveis denuncias. Com um despudor de soneto antigo, Sarney teve a coragem de dizer, ante a Nação estupefacta, que a crise não é dele, é do Senado, e não sabe o que são os atos secretos. E nomeou secretamente neto, mãe do neto, irmão, cunhada, sobrinhas, primas,o mordomo de Roseana,“parentes e aderentes”, uma fieira interminável, como aqueles capítulos da Bíblia citando gerações.
E chegou ao supremo ridiculo: nomeou também seu pai de santo e macumbeiro, que deve ser muito fraquinho de serviço. Até agora seus despachos não fecharam o corpo de Sarney nem amarraram o diabo.
DUTRA
A candidatura do ex-senador e diretor da BR Distribuidora, José Eduardo Dutra, de Sergipe, à presidencia do PT, lançada pela velha e indestrutível aliança de Lula com seu inarredável vaqueiro José Dirceu e sua tropa de choque (era “Campo Majoritário”, hoje é “Construindo um Novo Brasil”) deixou iradas as varias Tendências do partido, como a “Mensagem”, do ministro Tarso Genro e do deputado paulista José Eduardo Cardozo, que imaginavam um chapão de unidade.
Em vez de se vingarem de Lula e José Dirceu, agridem Eduardo Dutra, dizendo que a presidência dele iria ficar muito cara para o partido, porque teriam que instalar, ao lado da sede, um bar permanentemente aberto, para ele despachar de lá, como despachava no bar-restaurante “Nova Capela”, no centro do Rio, quando era presidente da Petrobrás.
Campanha contraproducente.Lula adora o “campo majoritário etílico”.
CIRO
O PT é implacável com os companheiros e também com os aliados. Os petistas paulistas, que não querem a candidatura de Ciro Gomes a governador de São Paulo, jogaram na internet que ele não teria condições de fazer campanha porque a Justiça Eleitoral iria exigir que seus programas começassem sempre com um aviso aos telespectadores:
- “Chegou o Boca Suja. Tirem as crianças da sala”,
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