terça-feira, 30 de junho de 2009

COSTA E SILVA DO SENADO

RIO - Nas memorias de 50 anos de conspirações militares (“Meio Seculo de Combate”), gravadas para Aspásia Camargo e Walter de Goes, do CPDOC da Fundação Getulio Vargas, o marechal Cordeiro de Farias contou que, uma semana antes do 31 de março de 1964, houve uma reunião no hotel Plaza, no Rio, entre quatro generais : ele Cordeiro, Castelo Branco, Costa e Silva e Riograndino Kruel.

Cordeiro havia dito a Castelo que ele levasse quem bem entendesse, mas achava ruim o Costa e Silva ir, porque até aquele momento ele não tinha se definido pela revolução. Mas Castelo levou Costa e Silva.

CORDEIRO

Cordeiro disse a Riograndino:

- “Precisamos colocar a revolução na rua imediatamente. Vá a São Paulo e acerte a mobilização do 2º Exército.

Costa e Silva, que nunca deu um só passo em prol da revolução, reagiu:

- Você continua maluco. Ninguém quer fazer a revolução.

- Isso é você. Você não quer, então não faça nada. Mas quando vier a revolução, você vai tomá-la.

E foi o que aconteceu. Costa e Silva vivia com um “entourage” enorme. Eram elementos que viviam juntos, jogavam muito juntos. Costa e Silva tinha um passado meio complicado de modo que em torno dele se reunia uma turma, vamos dizer, ambiciosa”.

ESCOLA MILITAR

“Desde que saiu da Escola Militar, Costa e Silva nunca mais leu um livro, nunca mais estudou nada. Certa vez, viajamos no mesmo avião. Eu estava lendo um livro sobre o Vietnã. Ele comentou:

- Mas você lê essas coisas?

- Leio, porque a questão do Vietnã nos interessa de perto. Caso os Estados Unidos percam esta guerra, a Ásia se tornará comunista e isso nos afetará de algum modo.

- Você é um idiota, perdendo tempo com essas coisas. Eu hoje só faço palavras cruzadas”.

CASTELO

“Eu gostava do Costa e Silva, mas o conhecia na intimidade e sabia que ele tinha se tornado um oficial relapso, no sentido do cumprimento do dever. Eu me encontrava em Curitiba, na madrugada do dia 2” (a caminho do Rio Grande do Sul, para tirar o general Ladario Teles e assumir o comando do III Exercito)

“Costa e Silva comunicou-me, por telefone, que assumira o Ministério da Guerra, sob a alegação de que era o oficial-general mais antigo no Rio. Eu era o mais antigo, mas me ausentara por três dias”.

Costa e Silva assumiu o ministerio da Guerra, criou o Comando Revolucionário e tomou conta do golpe de 64, até a posse de Castelo, levado para a presidência da Republica sobretudo por ele, como Castelo o levara para a reunião do hotel Plaza na véspera do golpe e depois o fez seu sucessor, fingindo que não queria.

SARNEY

O senador Sarney continua dando uma de Costa e Silva. Acha que tem direito a fazer todos os absurdos no Senado por ser “o parlamentar mais antigo no Congresso”. E os jornais, revistas e televisões trituram a biografia dele, todos os dias, com sequentes e irrespondíveis denuncias. Com um despudor de soneto antigo, Sarney teve a coragem de dizer, ante a Nação estupefacta, que a crise não é dele, é do Senado, e não sabe o que são os atos secretos. E nomeou secretamente neto, mãe do neto, irmão, cunhada, sobrinhas, primas,o mordomo de Roseana,“parentes e aderentes”, uma fieira interminável, como aqueles capítulos da Bíblia citando gerações.

E chegou ao supremo ridiculo: nomeou também seu pai de santo e macumbeiro, que deve ser muito fraquinho de serviço. Até agora seus despachos não fecharam o corpo de Sarney nem amarraram o diabo.

DUTRA

A candidatura do ex-senador e diretor da BR Distribuidora, José Eduardo Dutra, de Sergipe, à presidencia do PT, lançada pela velha e indestrutível aliança de Lula com seu inarredável vaqueiro José Dirceu e sua tropa de choque (era “Campo Majoritário”, hoje é “Construindo um Novo Brasil”) deixou iradas as varias Tendências do partido, como a “Mensagem”, do ministro Tarso Genro e do deputado paulista José Eduardo Cardozo, que imaginavam um chapão de unidade.

Em vez de se vingarem de Lula e José Dirceu, agridem Eduardo Dutra, dizendo que a presidência dele iria ficar muito cara para o partido, porque teriam que instalar, ao lado da sede, um bar permanentemente aberto, para ele despachar de lá, como despachava no bar-restaurante “Nova Capela”, no centro do Rio, quando era presidente da Petrobrás.

Campanha contraproducente.Lula adora o “campo majoritário etílico”.

CIRO

O PT é implacável com os companheiros e também com os aliados. Os petistas paulistas, que não querem a candidatura de Ciro Gomes a governador de São Paulo, jogaram na internet que ele não teria condições de fazer campanha porque a Justiça Eleitoral iria exigir que seus programas começassem sempre com um aviso aos telespectadores:

- “Chegou o Boca Suja. Tirem as crianças da sala”,

www.sebastiaonery.com.br

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