terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Como lidar com a depressão de fim de ano

GISELA RAO
Colaboração para o UOL Sim, a propaganda ilude: um monte de fotos com famílias e casais alegres e lindos, com roupas deslumbrantes, rodeados de presentes. Os slogans, escritos em verde, vermelho e dourado, insinuam que todo mundo está feliz, mas você não se sente tão bem assim (o que só piora as coisas). O que se pode dizer neste momento? Que milhões de pessoas pelo mundo também estão sentindo uma espécie de tristeza nesta época, e é normal na maioria dos casos. Um exemplo é a procura pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), que cresce em média 20% nos finais de ano. Segundo Elaine, voluntária há mais de uma década, isso acontece por vários motivos: perda de entes queridos perto dessa data, família distante ou em pé de guerra, sensação de frustração por não ter cumprido metas, questionamento de valores ou falta de um amor. “No CVV nós não damos conselhos, apenas facilitamos o diálogo da pessoa com ela mesma. Quando ela se ouve, percebe muitas coisas e começa a se reorganizar internamente. Atendemos 24 horas por dia para ouvir quem precisa”, diz Elaine.


Procura pelo CVV (Centro de Valorização da Vida) cresce em média 20% nesta época

Para o psiquiatra Geraldo Massaro, do Serviço de Psicoterapia do Hospital das Clínicas, de São Paulo, as pessoas querem se sentir amadas, aceitas, queridas e, mesmo quem não está solitário no final do ano, torna-se mais crítico, acha que poderia ter feito as coisas de uma maneira melhor, pensa no que perdeu e em quem perdeu. “É importante lembrar que ficar triste no nesta época pode acontecer com qualquer um, não é ‘privilégio’ de quem está só. Temos de deixar de lado o mito de que os casais são felizes e os solteiros, infelizes”, afirma Massaro.

“Quando o vazio da alma ataca, não é fácil para ninguém. Mas é importante lembrar que é exatamente este vazio existencial que nos mobiliza para sermos melhores: mais bonitos, mais inteligentes, mais sábios. Ele só é ruim quando a pessoa não o coloca em ação para se transformar. Meu conselho para ao fim de ano? Seja menos rígido e faça as pazes com essa sensação de vazio. Não tente se livrar dela”, sugere a psicóloga Dorit Wallach, mestre em psicologia clínica pela PUC-SP e especialista em dependência química pelo Instituto Sedes Sapientiae.

O que fazer

O psicólogo Alexandre Bez, especializado em ansiedade e síndrome do pânico pela Universidade da Califórnia (UCLA) e em relacionamento pela Universidade de Miami, sugere algumas atitudes para diminuir a depressão e o estresse causados pelas festividades de fim de ano:

•Perceba se há um problema emocional presente nas datas.
•Não tente ignorar a data, achando que o problema vai embora, ao contrário, esteja ciente para que você lide melhor com essa situação.
•Esteja atento à frustração, caso seus planos não saiam como o planejado.
•Não desconsidere as experiências desagradáveis, use-as a seu favor aprenda com os erros.
•Nunca tente passar as comemorações só. Estresse e depressão podem aumentar nessa situação.
•Se estiver distante das pessoas queridas, procure se ocupar com atividades diversas.
•Lembre-se com carinho, e não com tristeza, dos que já foram e dos que não estão mais na condição de cônjuge ou namorado.
•Caso não consiga se engajar em algum grupo, faça parte de um trabalho voluntário.
•Mantenha-se ocupado, participando das comemorações e entrando na confraternização, com isso a depressão com hora marcada irá atrasar e provavelmente nem aparecer em seu contexto natalino e de ano-novo.
•Esqueça os problemas que podem atrapalhar suas comemorações, tais como conjugais, financeiros e pessoais.
O que não fazer:

•Desligar os telefones
•Ficar em casa sozinho
•Não fazer planos
•Desconectar o computador
•Deixar de atender a porta e/ou interfone
Conclusão

Participe, colabore, enturme-se, curta as datas dentro de suas possibilidades econômicas e psicológicas. Um panetone e algo para beber com a pessoa amada já é uma celebração se não der para ir a Paris, por exemplo. Faça o que puder fazer, respeitando os seus limites, mas faça!

do UOL

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