sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Somos SETE BILHÕES

Geraldo Dantas

Lenta e progressivamente o mundo vai aumentando a quantidade de pessoas, e em questão de segundos, sempre adicionando números maiores ao estoque dos terrestres. Essa progressão não é condizente com a quantidade dos alimentos produzidos, pois existe um hiato entre a oferta e a demanda, com déficit crescente, mesmo com atitudes tomadas, e por mais louváveis que sejam as conquistas da biotecnologia - com os crescentes aumentos dos indicies de produção e produtividade, se produzindo mais em áreas menores – são incipientes, pois a FOME continua a ser uma constante na história da humanidade.

A novidade é termos atingido essa quantidade de pessoas nestes dias, não chegando a ser uma marca alviçareira, pois a cada dia a quantidade de famintos continua aumentando, e cabe á nós – pessoas que lidam com a terra – a resposta na prática com o aumento da produção, para saciar a fome dos novos consumidores, principalmente com a carga potencializada, diante do aumento do fluxo migratório universalizado, relativo ao direcionamento da população para as cidades. Trazendo o pensamento para os que habitam o “planeta cacau”, a situação é deveras preocupante com o futuro da atividade cacaueira, pois se de um lado, por questão de sobrevivência pessoal, os produtores são obrigados a aumentar o que produzem, por outro, fruto das conseqüências malévolas da “vassoura de bruxa”, as Políticas Públicas até aqui adotadas, NÃO conseguem ultrapassar o caos financeiro a que os produtores ficaram subjugados, e na grande maioria, sem possuir outras fontes de subsistência, são sérios candidatos ao abandono da atividade, desistindo de continuar no “marasmo” atual, se auto-enganando, com produções pífias que sequer cobrem o custo de produção. Enquanto não for finalizado o equacionamento do PESA-CACAU, todas as ações serão meramente paliativas e não atinge o âmago da questão, liberando ao menos os que querem produzir, para serem beneficiados com os auspícios do CRÈDITO, e possuírem a capacidade de reverter essa situação construindo uma NOVA CACAUICULTURA. Os problemas agronômicos já foram ultrapassados, existindo exemplos de sucesso que podem ser imitados, porém, persistindo a herança maldita dos débitos em cascata, onde o PESA e a SECURITIZAÇÃO são destaques, as amarras persistem inviabilizando atitudes edificantes, e a “não produção” fica transformada em regra imperativa. Continuando o faz de conta do Governo, dizendo que faz porém sem alcançar o epílogo dessa novela que se arrasta por mais de 20 anos, o grande problema sociológico persiste, com o desemprego, o êxodo rural, a migração acelerada e o inchamento das cidades da região, que trouxe no seu bojo a promoção direta da miséria; do índice de criminalidade; da mortalidade infantil e da FOME. Os fatos são visíveis a olhos nus, pelo destaque que ITABUNA vem conquistando na mídia Nacional, e mesmo sem apresentação das CAUSAS, nós, que pisamos este chão, possuímos o sentimento de sufoco gerado pela circunstância, e por conhecer de cátedra todo o fundamento desta epopéia, principalmente por ter a nossa cidade uma população de 206.000 habitantes, onde 98% habitam na cidade Com todo esse “imbróglio”, fica a preocupação futurista: a população da Terra aumentando; das nossas Cidades “inchando”; das fazendas cacaueiras esvaziando, e a pergunta que paira no ar – mesmo com tanta gente, quem vai cuidar das roças?

GERALDO DANTAS, Eng° Agrônomo e Produtor Rural

Artigo publicado originalmente no site www.mercadodocacau.com.br

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