quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

O PODER DA CHANTAGEM

Por Carlos Chagas
 
 
                                                                  Houve tempo, nos anos setenta, em que o Brasil parecia haver descoberto a panacéia universal, quem sabe a pedra filosofal. Eram os tempos bicudos do regime militar, mas, de repente, em meio à aguda crise dos preços do petróleo, anunciou-se o Plano do Álcool. Como sucedâneo para a gasolina cada vez mais rara e cara, tínhamos as condições para substituí-la pelo álcool: terra à vontade e sol. Chegamos a assistir 80% da produção de veículos nacionais  ser adaptada  ao álcool. Outra vez, dávamos lições ao mundo.
                                                                  O sonho foi sabotado e desfeito.  Claro que pela indústria petrolífera  daqui e de fora,   com espaço para a Petrobrás também  torcer o nariz. Estimularam a ganância dos produtores de cana para  chantagearem  o governo, fosse elevando os preços do álcool, fosse optando por produzir açúcar, com preços sempre superiores no mercado.
                                                                  Mataram o Plano do Álcool e nunca mais ele ressuscitou, apesar de andar feito zumbi em algumas noites escuras. Quando se inventam motores adaptados a álcool e a gasolina, sem necessidades técnicas sofisticadas, assistimos os produtores de cana  exigirem equiparação, como agora, quando o governo autorizou aumento nos preços da gasolina. Mesmo assim, ou por conta disso,  até  importamos álcool dos Estados Unidos, ironicamente tirado milho, não da cana.
                                                                  O cidadão comum, muito além da tecnocracia, não consegue entender a lógica da política de combustíveis. De produção infinitamente mais barata do que a gasolina, senão voltados para o passado, bem que poderíamos estar construindo novo futuro. O problema é que nem administrações militares, nem as  do PMDB, com José Sarney,  do PRN, com Fernando Collor, muito menos do  PSDB, com Fernando Henrique, ou do  PT, com o Lula e agora Dilma, ousaram enfrentar  o desafio. A  influência política dos  usineiros, mais o poder da indústria do petróleo e  seus penduricalhos, nacionais e estrangeiros, sem falar da indústria automobilística e sem esquecer a Petrobrás – todos  impedem qualquer  desenvolvimento racional   dessa solução  que seria e ainda é  o álcool. Bem feito para nós, constatação de todos os dias em que vamos aos postos de venda de gasolina, sempre  mais cara.
 
 
 
TUDO É CARNAVAL
 
                                                        Desde terça-feira que estava difícil encontrar um deputado ou senador no palácio do Congresso. Ontem, impossível. Hoje, só por milagre. Amanhã, apenas se o mundo tiver parado de girar. Os novos comandantes da Câmara e do Senado colaboraram ativamente para essa gazeta,  aceitando adiar a votação do orçamento e dos montes de vetos presidenciais.  Ficou tudo para depois do carnaval, claro que excluída a próxima semana.
                                                        Comprova-se mais uma vez porque os senadores rejeitaram Pedro Taques, Pedro Simon, Jarbas Vasconcelos e mais uns poucos para sua presidência. Assim como os deputados desprezaram Rose de Freitas, Julio Delgado e Chico Alencar. Se eleitos, eles poderiam começar a  trabalhar no dia da eleição,  marcando sessões para esta semana e, na outra, suspendendo os trabalhos apenas na terça-feira, jamais na segunda.
                                                        Dirão alguns ingênuos e outro tanto de  malandros tratar-se de um problema cultural, o  Carnaval. País rico é assim mesmo...  
 
PROFESSOR PARDAL
 
                                                                  Nos tempos em que reinavam absolutas as revistinhas de quadrinhos, com a família de Walt Disney predominando, surgiu um personagem que superava o Mickey, o Pato Donald e o Pateta: era o Professor Pardal, inventor insuperável que a todos surpreendia  com suas inovações.
                                                                  Com todo o respeito, é assim que deveria ser rotulado o ex-presidente Lula, que não para de inventar, na maioria das vezes com sucesso. Depois de criar e de eleger Dilma Rousseff e Fernando Haddad, o nosso singular  cientista agora quer fazer de Michel Temer governador de São Paulo e de Eduardo Campos, vice-presidente da República. E olhem: pode conseguir...
 
do site de claudio humberto.

Nenhum comentário: