segunda-feira, 1 de abril de 2013

Sobrevivendo no Mercado das Multinacionais

Sobrevivendo no Mercado das Multinacionais
Como sobreviver num Mercado Publicitário cercado de Agências Multinacionais por todos os lados?
Por Agnelo Pacheco*

Há 27 anos, quando a Agnelo começou, a maioria dasagências de publicidade que atuava no nosso País era brasileira. Totalmente brasileira.

Hoje, praticamente não existe em nosso País uma grande agência nacional. Talvez, a África e a Fischer sejam as duas últimas grandes brasileiras. As médias, como a Agnelo, a Propeg, a Nova SB e a Artplan e mais duas ou três, são as últimas que tentam sobreviver num mercado no qual as multinacionais ocupam um espaço cada vez maior.

Os grandes conglomerados internacionais que se instalam no Brasil não entregam suas contas para as agências brasileiras de publicidade. Por orientação da matriz, e muitas vezes a contragosto da diretoria que comanda a empresa no País, são impostas as mesmas agências que atendem este cliente fora do Brasil.

Com frequência, essas companhias deixam de utilizar os serviços de uma agência nacional, que conhece o nosso mercado, nosso comportamento, nossa sensibilidade, para, quase sempre, investir em campanhas criadas no exterior e que não têm nada a ver com os consumidores brasileiros. E não adianta tentar fazer apresentações de sua agência brasileira para os diretores que representam as empresas multinacionais por aqui. Você vai ouvir a mesma resposta: de que ele não pode decidir nada; que, apesar de insatisfeito com a agência que o atende,estalhe foi imposta pela matriz. E ponto final!

Há alguns anos, um dos nomes que mais respeito no varejo de supermercados do Brasil decidiu deixar as agências brasileiras que o atendiam e trocou todas as suas bandeiras por agências internacionais. Resultado: esses “casamentos” não duraram mais que três anos. Ele, então,dispensou as multinacionais e decidiu passar tudo para uma agência interna. E uma agência interna, a chamada house, por mais talento que tenha, nunca possui a visão externa do negócio que as agências brasileiras, brasileiras mesmo, têm.

Chegar aos 27 anos, no meio de tudo isso, resistindo a oito propostas para associação ou fusão com multinacionais, torna a Agnelo mais brasileira ainda. Com a ousadia e a coragem dos brasileiros. Com a criatividade que nos faz um povo diferente. E, como se não bastasse essa força das empresas estrangeiras a favor das agências multinacionais, elas têm no Brasil uma condição que você só encontra em países pobres da África.

Aqui, elas podem e participam das contas de publicidade governamentais. Uma prática que começou no governo Fernando Henrique e que se estende até hoje. É o mesmo que a Agnelo ou a Propeg desejarem atender a conta do governo americano, da França, da Espanha e até da Argentina, nossa vizinha. A publicidade é uma indústria que gera emprego.

Quando a presidenta Dilma, em boa hora, procura dar prioridade às empresas brasileiras nas compras governamentais, é justo que esta medida seja estendida também à comunicação do governo federal.

Essa iniciativavai beneficiar centenas de agências de pequeno porte, em vários Estados do País, que poderão crescer com a oportunidade de trabalhos de maior envergadura.

O argumento, muitas vezes levantado pelas agências multinacionais, de que têm acesso à informação do que ocorre no mundo, valia, talvez, para os anos 1970. O mundo mudou muito. A comunicação evoluiu demais e o acesso às
mídias globais virou algo simples, como abrir uma porta, com a presença da internet.

E é esta comunicação, cada vez mais nova, que renova a Agnelo todos os dias. Como digo sempre: com tantas mudanças, a campanha publicitária do ano passado já virou peça de museu.

Neste nosso negócio, para sobreviver num mercado publicitário brasileiro que encolhe a cada mês, você precisa pensar novo todos os dias. Sem parar. E respeitando a coisa mais importante que recebe de seu cliente: a confiança.


* Agnelo Pacheco é publicitário e atual Presidente/Diretor Nacional de Criação e Redator, da Agnelo Pacheco Criação & Propaganda Ltda.

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