terça-feira, 31 de outubro de 2017

Sede no poder

Afonso Dantas

Analisando o perfil dos nossos presidentes, observo a relação destes com as bebidas. Não lembro se o Sarney apreciava alguma "branquinha" daquelas com infusão de maribondos e devidamente flambada, para fazer alusão ao seu tão famoso livro de poemas, nem dos gostos dos sisudos militares ou do querido Tancredo. O mais famoso sem dúvida, nesse setor foi o Jânio Quadros, que disse “Bebo porque é líquido, Se sólido fosse, come-lo-ia.”...Mas vamos lá!

Collor era apaixonado pelo LOGAN, um whisky escocês de 12 anos - e por causa disso, as importações desse bom whisky dispararam no Brasil. (Há quem suspeite até de sociedade com a destilaria. Pura fofoca.)

Itamar não demonstrava preferência por nenhuma bebida, embora no episódio da modelo Lílian, sem calcinha, no camarote oficial da presidência, durante o carnaval, alguns aleguem que não seria possível ele não estar em um estado um pouco alterado. Ficará sempre a dúvida.

Uma pausa nos presidentes da república para lembrar de outro presidente, o Ulisses Guimarães, eterno presidente do PMDB, que lançou moda ao revelar seu gosto por um aguardente de pêssego, que inclusive vinha com uma pêra dentro. A garrafa do Poire Willian, caríssima, era sinônimo de intimidade com o poder e ostentá-la na mesa do Piantella, restaurante preferido da fauna política da Capital Federal, era requisito para atrair a atenção do Doutor Ulisses.

Fernando Henrique Cardoso, era colecionador de cachaças, embora alguns afirmem que isso era para tentar ser um pouco mais "pé na cozinha", frase que disse e que o acompanhou até o fim do mandato como um presidente que "forçava" seu lado popular. Sua coleção de cachaças foi "socialmente compartilhada" - seria esse o termo politicamente correto? - pelos companheiros do MST, movimento dos sem terra, que invadiram sua fazenda e degustaram sem cerimônia a sua tão estimada coleção.

Lula, presidente extremamente popular, nos tempos do sindicato adorava uma cachacinha e uma cervejinha gelada. A marca? Gelada! No poder, ainda curtiu uns licores de genipapo e quentões em uma festa junina palaciana, mas encantado com as benesses do poder, foi conquistado pelo mundo do vinho, estimulado pelo seu marqueteiro Duda Mendonça - esse influenciado pelo ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf - e fez uma adega de fazer inveja aos Rothschild. Uma boa garrafa de Romanée-Conti, devidamente "decantada", sonho de consumo de enólogos pelo mundo todo, passou a fazer parte de sua degustação diária. Um luxo.

Dilma Roussef em matéria de bebidas não se destacou, embora afirmem que não seriam normais suas declarações e discursos em estado de sobriedade. Mas, por via das dúvidas, vamos deixar esse assunto para lá, pois fora a farra de vinhos bem acima da média na escala em Lisboa, de uma viagem internacional, com fotos um pouco comprometedoras em termos de falta de sobriedade, nada temos a comentar muito. Melhor ficar de bico calado, para não sermos acusados de machismo. Tempos difíceis.

O Temer. O que bebe o Temer? Não foi comprovado seu gosto vampiresco por sangue, embora milhões de brasileiros pensem o contrário, com a série de denúncias sobre seu governo pululando na imprensa e nas redes sociais. A bebida predileta do atual mandatário do palácio do Jaburu (não quis o Alvorada, pois, dizem, tinha muita luz...) é um mistério, embora haja suspeitas de que exista um estoque reforçado de uma bebida escura, a base de catuaba, feita por um raizeiro de origem libanesa, que é melhor do que muita pílula azul famosa que existe por aí.

Um brinde ao poder.



Afonso Dantas

Sócio e diretor de criação da Camará Comunicação Total

Administrador de Empresas

Especialista em Gestão Cultural pela UESC

Especialista em Marketing pela FTC

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